sábado, 11 de julho de 2009

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Salvador - duas faces



É impressionante como existem três cidades, ou várias ciadades em uma só. Como assim?
Vou tentar explicar. Salvador, capital da Bahia, consegue abarcar duas cidades, duas realidades, normalmente dividida por uma avenida, formado uma terceira cidade maior e desigual. De um lado, a suntuosidade, do outro, a miséria. Existem bairros em Salvador que desconhecem o saneamento básico. As pessoas muitas vezes não possuem uma conta de energia para servir como comprovante de endereço, pois ainda não foram incluídas. Estão no escuro, ou arranjam o chamado "gato".
São duas realidades. O que chama a atenção é que todo bairro soteropolitano possui próximo, ou em sua volta um cinturão de pobreza. Será que as pessoas que prestam os serviços considerados mais simples, como de doméstica, gari, etc, saem dos prédios suntuosos ou dos cinturões pobres? Será que a mão de obra que construiu os prédios e resiências das elites é oriunda de onde? Ora, esses serviços são importantes.
A elite precisa da pobreza. É preciso que existam pobres para que a elite não tenha que pegar no pesado. Esta é uma lógica, que poucos tentam mudar, vai mostrar o desproporcional resultado dos acontecimentos ruins. Parece que a sorte não fica do lado pobre. É dificil se chegar a um bom emprego, passar no vestibular e, para os que passam, conseguir cursar faculdade.
Uma cidade que possui uma arquitetura histórica linda, uma orla belíssima, com praias agradáveis, deveria combater com mas veemência as desigualdades urbanas. Ao chegar a Salvador somos recepcionados com bairros, com amontoados de casas mal construídas, com poucas árvores, como se dissessem: esse crescimento foi desordenado.
O centro da cidade é um lugar onde existe um toque de recolher natural às 21h00. Os mendigos se amontoam na Praça da Piedade, alguns sobrevivem de pequenos furtos e alimentam sua dependência por drogas.
O interessante é que durante o carnaval os moradores de rua desaparecem. Para onde eles vão?
A cidade cresceu de forma desordenada. Existem problemas estruturais que precisam ser combatidos. Não há uma política eficiente para recuperação de usuários de drogas, nem conscientização da população para melhoria e preservação da cidade. Investe-se mais em repressão do que em prevenção. Vale o conceito: balas e fuzis custam menos que escolas. Faltam cursos, praças seguras para integração, projetos culturais que promovam a inclusão social. O resultado é sempre o mesmo: formação de gangues, agregando pessoas que já não sonham, que são escravos das drogas e que tentam proteger o seu nicho de vendas. É preciso relembrar que ninguém já nasce usando drogas, que ninguém pede para ocupar habitações indignas, que ninguém já nasce delinquente. Fugimos sempre desse diálogo e preferimos nos prender em nossas residências, não fazendo quase nada para mudar. Até a próxima.